quarta-feira, 7 de setembro de 2011

O que realmente queremos?

É incrível como os filmes, apesar do tema significativo sempre finalizam nos enchendo de esperança...acabei de assistir ao filme “Ele não esta tão afim de você”, talvez pela terceira vez, com o objetivo de ficar mais fria e dura, a ponto de me livrar um pouco das expectativas e ansiedade que remetem a esperança de encontrar o par perfeito. Esperava que esse filme fosse a esperança de eu mudar meu ponto de vista com relação aos homens, mas este termina exatamente como praticamente todos os filmes de romance e comedia romântica, se é um grupo, todo mundo se ajeita no final, se há poucos protagonistas, estes sempre ficam juntos quando o filme acaba e “vivem felizes para sempre”.

A realidade é que todos filme que fala de relacionamento são assim, podem ate nos dar umas dicas e mostrar a realidade nua e crua, falando como os homens se comportam quando eles querem passar o tempo, transar e até mesmo quando eles estão verdadeiramente interessados, mas sempre no final todo mundo se da bem, se arranja e encontra “o par perfeito”.

Entao o que acontece é que as mulheres, que hoje estão solteiras refletem durante o filme, até se identificam e aprendem, mas no final tudo cai por terra, porque a mocinha fica com o mocinho no final. Sim isto é uma critica negativa, porque o que se espera desse filme são dicas do tipo a) quando ele não te liga é porque ele não esta afim de você; b) se você ligar para ele corre um sério risco de ser tratada como alguém que esta desesperada e isso vai afastar o cara; c) muitos homens não querem se casar porque acreditam na idéia de que se casando estará perdendo todas as oportunidades com todas as mulheres em sua volta; d) quando uma mulher esta apaixonada fica completamente tola e tem grandes chances, eu diria 100% de chance de se dar mal e ficar na mão; Acho que eu consigo colocar exemplos com o alfabeto todo aqui, mas seria um desperdício porque todas as mulheres com uma certa idade já esta completamente consciente de tudo isso, mas continua com a esperança de achar o cara ideal, o cara suficientemente bonito, simpático, gostoso e inteligente que a faça feliz o resto da vida embaixo do mesmo teto. Obviamente eu conheço poucas da minha idade casadas com um cara que preenche todos os quesitos citados acima, mas diria que conheço varias mulheres que são lindas, simpáticas, corpo bonito (se eu falar gostosa aqui podem me estranhar) e inteligentes com caras estúpidos que não merecem nem a atenção, mas estão juntos, talvez porque “é o que tem para hoje”, e porque existe um medo sinistro de se ficar sozinho. E vejo também rapazes fabulosos, que são até mais do que os quesitos citados e estão com mulheres que os maltratam. Com isso eu concluo que o ser humano, embora se adapte fácil a qualquer ambiente, se adéqüe a qualquer situação tem um medo assombroso de ficar sozinho.

Conheço muitas mulheres da minha idade, até menos que sonham em mudar aquele cara babaca que só é babaca pelo que faz com ela, porque deve até ser um cara legal, mas não se mostra dessa forma porque faz a minha amiga sofrer, porém a amiga sonha com o impossível, conquistar aquele cara que só falta colocar em faixas pelas ruas os dizeres “eu não gosto de você”, mas continua com ela, e no fundo o inconsciente dela explica que ele só quer uma transa, pois sabe que sempre que ele a chamar ela estará pronta, adiará compromissos, dará um jeito, por mais que seja difícil, mas ela vai estar lá, nem tanto por ela, mas para garantir que não perderá a oportunidade de preencher sua esperança encardida de tão batida de encontrar o cara certo para casar, custe o que custar. E olhe, tem custado caro, geralmente custa lagrimas, poemas, musicas e muito tempo perdido sofrendo, por um cara que será até substituído por um outro babaca daqui a alguns meses mas o ritual é o mesmo sempre, “faça tudo por ele, custe o que custar” e terá a certeza que mesmo que não deu certo, você tentou.

E olha quanta experiência, quanta sapiência a mulher acumula ao longo dos anos por sofrer pelo cara errado, e continua por anos e anos.

Estranhamente eu começo a acreditar que as mulheres gostam disso, gostam de sofrer de verdade, imagine, tem mulher que pariu umas 3 vezes e adora, meeeu, deve doer pacas, mas insiste que quer mais um menino, daí existe um gasto imenso de energia para gerar esse pequeno ser por longos 9 meses em média. Imagine, 9 meses sentindo dores, enjôos, sem poder dormir confortavelmente em sua cama e quando a criança nasce é ela quem vai dormir pouco para o atende-lo lá no outro quarto porque o neném fez cocô ou só porque esta com manha, sem contar que eu já vi mulher chorar de dor quando amamenta. Até os três anos de idade é a mãe quem vai carregar no colo aquele peso de até 10 quilos ou mais porque esta cansado de andar...caraca, que sofrimento, daí ela fala, acho que quero mais um filho, afff!!! Será que elas são anestesiadas durante todo esse processo citado? Ou não precisa ir tão alem não, cólica, hoje em dia, com tanta tecnologia, anticoncepcionais que fazem milagre, pelo menos nesse quesito, e a mulher insiste em suportar a dor da cólica todo mês...eu acho um absurdo. Mas são por essas e outras que eu paro para refletir e concordar que as mulheres são de fato um bicho estranho, eu até deixo passar os fatores naturais da procriação etc., porque no fim é algo implícito em nossa existência, ok, mas sofrer por causa de homens, isso eu queria mesmo entender, daí me volta na idéia de que, mais que os homens, as mulheres morrem de medo de ficar sozinhas. Prova disso? Se não se casarem querem mesmo assim ter um filho, “produção independente”, isso é fato, não arrumou o homem ideal remete ao fato de que pelo menos não ficara sozinha se tiver um filho.

Quanto aos homens, suponho que eles também são tão medrosos com a solidão quanto as mulheres, mas sabem disfarçar melhor, a não ser aqueles que o medo suba para cabeça a ponto de se inscreverem em sites de relacionamentos como o “Parperfeito” e ficam passeando pelas fotos mais bonitas e idealizando a garota dos seus sonhos. Sim, eu acredito que eles são tão tolos como as mulheres quando se apaixonam e quando o medo de ficar só bate a porta, mas eles são mais frios e calculistas e sofrem menos porque têm duas cabeças e a debaixo pode estar sempre na ativa, pois existem mais mulheres desesperadas do que homens desesperados. E onde isso vai parar? Acho que não para, porque por mais que a realidade se mostre e revele cada vez mais sobre como são as pessoas, mais as pessoas se distanciam logo após um fora ou uma desilusão de um relacionamento e logo aparece outra e outra pessoa para nova desilusão e historia frustrada. Pelo menos é um circulo vicioso de quem ainda não se casou, e ate mesmo quem já se casou e continua buscando o “parperfeito”.

Eu até acredito em par perfeito e posso citar um ou dois casais os quais eu tenho certeza que nasceram um para o outro e que na imperfeição da vida vivem felizes, mas esses pouco casais são exceção, e que talvez graças a eles muitas outras pessoas estejam nesse momento em busca de seus pares perfeitos onde quer que esteja e lutam para transformarem seus pares atuais e imperfeitos em ideais, pelo menos para sua percepção. Não sou contra nada disso, afinal sou uma delas, pois se eu não encontrar o par ideal pelo menos terei tentado e se devemos fazer a vida valer a pena de alguma forma penso que é com sentimentos e emoções que construímos nossa historia. Não sou tão a favor da dor, nem de fazer ninguém sofrer, nem de sofrer por ninguém. Se isso é algo que se pode evitar certamente evitaríamos, caso seja difícil pelo menos nos torna mais forte para o próximo sofrimento, e também sou a favor de uma reflexão mais profunda sobre o que realmente queremos, um par ideal ou não ficar sozinhos? Muitas vezes corremos atrás do par ideal para não ficarmos sozinhos. Acredito que quando distinguirmos essa diferença estaremos prontos para aceitar que o par ideal tem muitos defeitos, mas que esses não camuflam ou distorcem suas doces qualidades, e exatamente por ser de carne e osso os tornam o amor de nossas vidas, seres apaixonantes capazes de nos fazer rir com uma trapalhada. Quando distinguirmos a diferença citada estaremos prontos para não temer a solidão, pois estar só é estar consigo mesmo e apreciar isso, porque assim é possível o autoconhecimento e a consciência de que a melhor companhia somos nós mesmos, antes de qualquer outra pessoa. Algo me diz que quando paramos de nos arrumar para ficar mais bonita para os outros ou que as outras, deixamos de pensar um pouco em impressionar quem nos ver e nos vestimos para nós mesmas, fazemos coisas para nosso agrado o mundo conspira em nosso favor, atraímos pessoas por conta própria, não por causa de uma roupa bem escolhida ou um perfume importado naquela ocasião, atraímos pessoas porque estamos seguras conosco, nos conhecemos bem e não precisamos provar nada para ninguém. A prova disso são situações que certamente já aconteceram de por exemplo você sair na rua com qualquer roupa, sem nenhuma pretensão e de repente um cara ou um conhecido lhe diz “nossa como você esta bonita hoje”, isso não é estranho??? Você pensa, mas eu nem estou arrumada, mas esta bem consigo, esta segura. Enfim...precisamos descobrir o que queremos para começar a entender nosso rumo, precisamos nos descobrir para entender melhor o outro, antes de buscar o par perfeito precisamos nos certificar de que somos perfeitas o suficiente para nós mesmas, e dessa forma abriremos espaço, ao invés de se doar completamente, daremos oportunidade para ser completadas ao invés de substituirmos nossos interesses por alguém que buscamos a vida toda, teremos a certeza de que encontramos não o par perfeito e sim o par ideal, se esse for nosso real caminho. Caso não, pelo menos descobriremos que é possivel ser feliz sozinho, porque sou minha melhor companhia.