Quando chega o fim

Eu sei que cada sofrimento é diferente para cada pessoa que os sente, mas essa historia de ficar olhando para baixo é querer se conformar e aceitar que aquilo que você tem é suficiente é balela porque ninguém esta contente com o que tem. Isso tudo parece muito bonito de se dizer, conselho para dar, mas na vida real quero ver quem aguenta de fato. Os que a gente acha que aguenta na verdade finge que não esta acontecendo nada porque a realidade nua e crua ninguém de fato aguenta.
Tem gente que pirou de vez, tem gente esta se escondendo atrás dos livros, dos discos, dos toxicos, das pessoas, dos amigos artificiais, das roupas que ocultam o verdadeiro eu, da maquiagem que mostraria a cara limpa, porque ninguém quer dar a cara pra bater, ninguém quer perder, ninguém quer ser fraco porque a fraqueza é desumana. Desumano é não humano que é algo que o homem não alcança ou não suporta. É desumano sofrer, parece que ele nos lava a cara e arranca todos os nossos disfarces, o ópio de cada dia não surte efeito e parece que nos corrói a alma. A dor de um sofrimento nos deixa vulneráveis fracos e oprimidos, por isso tem gente pulando do precipicio, acabando com sua vida num gole ou com um frasco de comprimido, derramando uma vida inteira de alguns momentos felizes num poço sem fundo, tem gente depressivo, estressado, surtado.
As pessoas se apegam a qualquer sorriso barato achando que num pequeno gesto alcança a felicidade, num novo carro ou com qualquer outra peça que se compra em shopping encontrarar a felicidade. As pessoas se apegam a qualquer coisa que os fazem sorrir para não gemer de dor, as pessoas distribuem gentilezas para ver os necessitados e mostrar a si mesmo que é mais forte, pelo menos para alguns, porque não quer ficar por baixo.
Me falaram que uma boa noite de sono pode curar a dor, mas quem me disse isso tem a ignorância de não saber que no dia seguinte a dor estará lá porque faz parte de nós, pode ser que alivie, que faça refletir por um tempo, mas vira a tona, pode passar quantas boas noites de sono forem, o fantasma nos acompanhara. Feliz é o sadomasoquista, porque ele suporta a dor e talves sofra menos que os que não estão acostumados e sempre estão prontos para uma nova dor.
Coitado daqueles que sabem que o sofrer é uma constante e insistem e ver o paraiso no lixão, simulam e se iludem com um futuro alegre para anestesiar a realidade, suspiram como um apaixonado que sabe que não pode ser correspondido por aquele amor, mas estão ali, esperando a utopia eterna.
Tudo acaba, e você não tem como escapar do fim porque ele te devora sem você se preparar. O fim as vezes te dá sinais através de instintos mas não te avisa a proporção e a consequencia e você simplesmente cai no buraco negro e misterioso da dor.